O GRITO por Erica Christina
A gritante exclusão dos negros nos variados setores do nosso país é apenas uma das marcas do grande crime que sempre lesou a humanidade, a escravidão; no entanto é necessário muito mais do que indignação e revolta para aos poucos conquistarmos nosso espaço, ou fazermos com que enfim não sejam divididos espaços, mas sim compartilhado o todo, entre todos sem distinção de cor, credo ou crença.
Não podemos gritar, espernear e chorar parados no tempo apenas esperando que algo mude, temos que identificar nossos instrumentos de luta, buscar e criar novas ferramentas, “arregaçar as mangas” e agir.
Muitas ações já existem, podemos sim discutir a intensidade ou amplitude das mesmas, mas é de pouca inteligência ficarmos reclamando de tudo e de todos sem reconhecermos que muitas coisas já tem sido feitas e criadas, essas pequenas vitórias já alcançadas também são importantes. Há muitas medidas de PROMOÇÃO DE IGUALDADE SOCIAL que desconhecemos, geralmente só tomamos conhecimento do que os principais meios de comunicação nos informa, queremos lutar uma luta da qual não entendemos, vivemos ecoando o grito dos nossos antepassados e não nos atualizamos, as armas passadas não servem para a luta atual. Devemos em primeiro lugar entender porque lutamos e pelo o que, pois um guerreiro sem causa é apenas um lutador nato, agora quando lutando por um propósito, por um sonho, por um ideal, o guerreiro passa a ser muito mais do que apenas um lutador, torne-se um vencedor antes da luta começar, vira uma rocha, um muro de concreto, um ser invisível guiado por seus ideais e sua fé, amparado por seu medo e sua coragem.
Universidades públicas adotaram sistemas de cotas, uns aprovam e outros não, mas pra que tanto orgulho? São nossos jovens afro-descendentes ingressando no ensino superior, mostrando que são capazes, sabemos que se não fosse assim, talvez nunca tivessem oportunidade,vamos esperar o que? A boa vontade de uma reeducação em nosso país???
Temos mais de mil comunidades remanescentes de quilombos certificadas e uma média de 145 tituladas, temos programas como Uniafro, Africanidades Brasil,Cultura Afro, Brasil Quilombola entre outras, todas com o mesmo objetivo.
A questão racial no Brasil está sempre em discussão , antes nem era lembrada, nem citada e muito menos discutida.temos exemplos de conquistas antes jamais sonhadas: Parque Memorial Quilombo dos palmares (Fundação Palmares)
Criação da Universidade Zumbi dos palmares (Afrobras), a Associação Brasileira de pesquisadores negros(ABPN), a Secretaria Especial de Políticas de promoção da Igualdade Social , entre mais 23 organizações similares nos Estados.Tudo isso é mérito de pessoas comuns como nós, ANTI-RACISTAS que semearam com dificuldade, mas também com persistência, dedicação e fé.
Não temos que sair por ai discutindo sobre cotas apenas por discutir, querendo provar que somos capazes independente de cotas ou não, pessoas para nos criticar sempre haverão, “elas”querem que desistamos, não somos nós quem devemos nos envergonhar, são “eles”. Quando estamos longe de “seus” espaços, somos definidos como coitados ou preguiçosos, quando lutamos e conquistamos algo, somos “racistas”,”auto-piedosos” e coisas do tipo, denominam como “cotas” para ver se paramos de lutar.SOMOS
HERDEIROS DA SEDE POR CONQUISTAS, DO DESEJO PELA LUTA E PRINCIPALMENTE : HERDEIROS DA ESPERANÇA E DETERMINAÇÃO PELA VITÓRIA
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